Bichos-da-seda ainda no estágio de larvas : prontos para virar fonte de nutrientes |
SÃO PAULO – Pesquisadores chineses propõem que o bicho-da-seda poderá servir como refeição para longas viagens no espaço.
Tais insetos, em fase de pupa (entre o estágio de larva e adulto), são uma excelente fonte de proteína, contendo quatro vezes mais aminoácidos essenciais do que ovo e leite, e o dobro da carne suína, segundo estudiosos da Universidade Beihang, em Pequim.
A solução seria eficaz devido ao tamanho reduzido dos animais. Peixes e aves, além de requerer uma série de cuidados para se desenvolverem, como água em abundância, precisam de amplo espaço e possuem grande volume de excrementos inaproveitáveis.
Já as larvas consomem pouca água, e todo material excretado poderia ser aproveitado como adubo. Mesmo a parte da seda não-comestível, que corresponde a 50% do peso do casulo, seria capaz de oferecer uma fonte de nutrientes nas viagens espaciais, dizem os pesquisadores. Por processamento químico e adição de açúcar e corantes, os astronautas poderão transformar em uma geléia, por exemplo.
Muitos chineses já se alimentam de pupas de bicho-de-seda. Resta saber se os astronautas do resto do mundo conseguiriam se alimentar da especiaria. Segundo o estudo, seria necessário consumir cerca de 170 pupas e casulos por dia.
História
O bicho-da-seda é uma espécie domesticada pelo homem há milhares de anos e que perdeu as suas características selvagens. A selecção artificial do bicho-da-seda foi tão profunda, que é completamente impossível sobreviverem na natureza. Existem 8 espécies de bicho-da-seda, sendo a mais importante a B. mori L., responsável por mais de 95% da seda produzida em todo o mundo.
Estima-se que a produção de seda seja feita na China há mais de 5 mil anos, tendo sido mantida em segredo durante muito tempo. Segundo a lenda, os ovos do bicho-da-seda foram levados clandestinamente para a Europa no inicio da era cristã, por dois monges. No Império Romano, o tecido era muito apreciado valendo seu peso em ouro. Ao longo da história os sericultores têm seleccionado as melhores espécies de bichos-da-seda, para melhorarem a qualidade da seda produzida.
Na China existe uma lenda que conta que uma antiga imperatriz chamada Xi Ling-Shi, enquanto tomava o seu chá à sombra de uma árvore, um pequeno casulo caiu na sua chávena. Ela pegou nele e começou a enrolar o fio do casulo no seu dedo, começando a sentir a suavidade da seda nos seus dedos. Quando o fio de seda acabou ela reparou que no interior do casulo estava uma crisálida. Depressa apercebeu-se que aquela crisálida era a origem do fio de seda, e a noticia rapidamente se espalhou.
Descrição
Quando nasce, o bicho-da-seda tem apenas cerca de 2,5 mm de comprimento e está coberto de pequenos pêlos pretos. À medida que vai crescendo torna-se mais claro. As fêmeas possuem riscas escuras ao longo do corpo, enquanto que os machos são completamente brancos. Durante o estádio larval as lagartas sofrem normalmente 4 mudas ou ecdises, que consistem na mudança da cutícula por uma nova, o que permite à lagarta crescer. Nestes períodos a lagarta cessa a sua alimentação e fica imóvel com a cabeça erguida e não deve ser perturbada.
Durante cerca de 2 meses as lagartas comem sem parar atingindo cerca de 6 cm. Eles comem dia e noite, preferindo folhas de amoreira branca que são as mais delicadas, mas também se podem alimentar de outras espécies de amoreiras (Morus), como a amoreira negra, e outras Moracea. No entanto, devido à sua fraca mobilidade as lagartas devem ser colocadas perto do alimento.
O lugar ideal para manter as lagartas é dentro de uma caixa de sapatos e estas nunca devem ser colocadas ao sol.
No 5.º estádio larval, o corpo da lagarta torna-se amarelo e esta procura um sítio tranquilo onde começa a tecer o fio de seda, o qual é produzido nas glândulas salivares. O fio de seda é usado na construção do casulo o qual fica completo ao fim de cerca de 3 dias, ficando a lagarta encerrado no seu interior. O casulo apresenta uma cor branca-amarelada brilhante e é feito de um único fio com cerca de 700 e 1200 metros e 10 micrómetros de diâmetro. A lagarta converte-se em crisálida, e transforma-se em mariposa em aproximadamente 10 a 12 dias. No final desta transformação a mariposa liberta enzimas proteolíticas que degradam o fio de seda e fazem uma abertura no casulo para que ela possa sair. Isto vai destruir o comprido fio de seda. Para impedir que isto aconteça, os sericultores fervem os casulos para matar a crisálida e tornar o fio de seda mais fácil de desenrolar. Em algumas culturas as crisálidas são utilizadas na culinária.
Na fase adulta, a mariposa não consegue voar. Nesta fase também não se alimentam. Têm uma envergadura de 3-5 cm e um corpo coberto de pelos brancos. A fêmeas são ligeiramente maiores do que os machos, pois transportam muitos ovos. As fêmeas e os machos devem ser colocados juntos para que possam acasalar. Uma única fêmea pode por cerca 600 ovos.
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